A Lenda do Sol e da Lua

Certa vez, há muito tempo atrás, num lugar muito distante onde só havia os verdadeiros brasileiros habitando o Brasil, e ali por muito tempo permaneceram até que com a colonização apareceram os homens brancos, que a todo custo queriam dominar as riquezas do país e, sem escrúpulos, iam se embrenhando e dominando os habitantes que ali viviam.

Chegando nesse lugar, que vou chamar de lugar desconhecido, e que era habitado por muitas tribos o homem branco, que se dizia civilizado, começou o conflito com as tribos que sempre habitaram naquele lindo lugar, preservando a natureza, os animais, os pássaros, os peixes, as caças, os minerais, enfim, preservando tudo que Deus havia lhes deixado. Mas o homem branco, sem escrúpulos, começou a destruir as árvores, a tirar os minérios, a depredar os rios e igarapés, afugentando e matando a caça e o peixe que era a fonte de sobrevivência dos índios. Então, o tuxaua da tribo Pauxis muito triste com aquela situação, chamou dois habitantes da tribo que eram um menino e uma menina e lhes deu uma missão dizendo: Olhem meus dois jovens, vocês estão vendo a situação em que estamos vivendo. O homem branco destruindo o nosso habitat desordenadamente, e nós que, por todos esses anos, vínhamos a preservar. Pois bem, o que lhes devo dizer, é que nós aqui ficaremos e lutaremos pelo que é nosso, mas não sabemos o que pode acontecer, por isso a missão que lhes confio é bastante difícil, mas não impossível de realizar. Eu quero que vocês saiam daqui e escolham um lugar, não importa a distância, mas quero que sigam o nosso lema. Esse lugar tem que ser preservado a todo custo, pois só assim vocês estarão cumprindo a missão que lhes confio.

Então, os dois jovens Pauxis despediram-se do tuxaua, prometendo a ele que fariam tudo para cumprir com o que lhes era determinado, e saíram em sua canoa rio abaixo, rio acima, e, durante muitas luas, seguiram em busca desse lugar tão sonhado e sempre cantando assim:

Trá-lá-lá-lá-lá-lá-lá vamos juntos viajar;

Rumo à terra prometida, onde tem muita beleza;

Onde a preservação, nós iremos encontrar;

Onde o lema é plantar e cuidar da natureza;

Onde o Uirapuru encanta, onde canta o sabiá;

Trá-lá-lá-lá-lá-lá-lá.

Em uma bela manhã, quando eles seguiam em um lindo rio, hoje denominado Rio Amazonas, ficaram deslumbrados com um dos mais belos amanhecer de suas vidas! O sol vinha raiando por de trás de uma montanha, e seus raios dourados refletiam um brilho encantador, os dois olharam-se e falaram: – Ali está a terra prometida o lugar que iremos zelar e ficar eternamente.

A montanha que eles avistaram hoje é chamada de Serra da Escama. E ao chegarem mais próximos, depararam também com um maravilhoso lago onde encontraram muitos peixes e pássaros das mais variadas espécies, onde havia com abundância a vitória-régia, o murerú, os belos anhingais, enfim; tudo o que eles precisavam para sobreviver. Esse lago recebeu o nome de lago Pauxis em homenagem aos primeiros habitantes deste lugar, que aqui formaram família e povoaram esta terra e que por muitos anos foi habitada por eles, sempre acreditando e cumprindo a missão que lhes foi confiada que era somente trabalhar na terra com respeito e usar os lagos e a mata para tirar apenas o seu sustento, não derrubando árvores desordenadamente, não fazendo queimadas, não poluindo os rios, lagos e igarapés, sempre preservando a natureza.

Mas com a chegada do homem branco, eles, reviveram o pesadelo de seus antepassados e aí o homem branco, que sempre se diz civilizado, invadiu o espaço dos Pauxis, e, com o seu espírito de destruição, começou a devastar a floresta desordenadamente, afugentando e até matando muitos índios que eram os verdadeiros habitantes desse lugar. Mas mesmo muito tristes, o Sol e a Lua como eram chamados os dois primeiros habitantes da tribo Pauxis, resolveram ficar e lutar pela preservação, principalmente da Serra e do Lago, e, por muitos anos, ali permaneceram, até que em um determinado tempo o homem não conformado só com a destruição da mata e da caça, resolveram a acabar com que lhes era mais precioso; o belo Lago, o qual foi cruelmente destruído, ficando assim sem os aningais, sem os pássaros, sem os peixes, sem os animais que dele sobreviviam. O belo Lago foi transformado apenas numa lagoa a céu aberto, onde a vida já não mais existia, e além disso, o próprio homem começou a poluí-lo desordenadamente.

Então o Sol e a Lua inconformados com tanta destruição, só faziam chorar, e em uma noite de lua, eles saíram meio que enlouquecidos de tanta tristeza e caminharam até onde hoje é o porto de cima, e ao chegarem bem no alto da barreira, olhando para o céu e pediram: – ho mãe Lua nós te imploramos que nos liberte desse sofrimento, pois não queremos sair deste lugar, mas não aguentamos ver tanta destruição, por isso, gostaríamos que acabasse com o nosso sofrimento: Então, a mãe lua, compadecida e ouvindo o clamor dos dois, os encantou no alto da barreira, e ali eles permanecem para sempre, preservando assim a raiz de origem dos Pauxis. Diz a lenda que no local do encante, próximo ao pingo d’água no porto de cima, as pessoas que por ali passam sempre percebem umas gotas de água que surgem cristalinas do alto da barreira, e que são as lágrimas dos dois que continuam a chorar por ver tanta destruição da natureza.

Segundo os sábios, dizem que quem passar no local onde a água fica pingando, e pegar alguns desses pingos e fizer uma cruz do lado esquerdo do peito, é tocado pelo espirito do Sol e da Lua, e para sempre será um preservador da Natureza.

OBS: Essa estorinha eu escrevi para dar de presente a minha filha Márjolin, que gosta muito de ler e escrever, mas embora os personagens sejam uma ficção, o conteúdo tenta se aproximar o máximo possível da realidade em que vivemos.

Autor: José Deolindo Albuquerque da Silva ( Caiçara) – ( Óbidos – Pará – Brasil )